Atualidade envolta em brumas
Por: Cristina Vergnano
Desligou a tevê com um suspiro. Jogou para o lado, na cama onde estava prostrado, o celular, aberto ainda na página da última rede social consultada. Perdeu seu olhar no teto branco acinzentado, impreciso como ele.
Depois de mais de um ano isolado por decisão própria em seu pequeno apartamento, tendo como janelas as opiniões e notícias mediadas por vozes conflitantes, sentia-se vazio. Este era, hoje, o território no qual a sua alma habitava em silêncio e penumbra: um limbo de incerteza e falta de exatidão, próprio de quem não sabe como tomar partido entre tantas (in)verdades absolutas.