Perspectivas
Por: Cristina Vergnano
Karine tinha passado a manhã ansiosa para mostrar à sua melhor amiga algo no celular. No pátio do recreio, puxou-a e disse:
– Ouve que legal o meu irmão gravou de madrugada.
– O quê? Barraco? Gemidos apaixonados?
– Não, Lara. Que mania de fofoca! Escuta.
– Cruzes! Parece uma gargalhada sinistra.
– Fala sério! É uma corujinha do mato. Agora, temos uma lá na rua.
– Jura?! E você já viu?
– Nunca. E nem sempre a gente consegue escutar.
– Uhmmm, preocupante…
– Também acho. Coitada! Perdeu a casa na mata e veio morar na cidade.
– Não, não é isso, Kaká!
– Hã????
– Coruja é bicho de mau agouro. Quando some, deve estar caçando almas em outro lugar. Você devia agradecer se ela for embora de vez.
– Ai, ai! Uns nascem pra ciência, enquanto outros nem a ciência consegue explicar.