Digicrônicas

Ainda vivemos o Tempo Pascal…

Por: Cristina Vergnano

Recentemente, tirei uns dias para balanço. Às vezes isso é muito bom e faz falta. Calhou de ser numa época propícia, pois coincidiu com a Semana Santa e as celebrações do Tríduo Pascal, momento de reflexão e vivência espiritual. Até por isso, desta vez, não havia postado textos específicos para a ocasião, nem qualquer mensagem de Feliz Páscoa.

Como católica, porém, esse meu lapso provisório não chega a ser problemático, já que estamos no Tempo Pascal, o qual se estenderá até Pentecostes. Este período do Ano Litúrgico, com duração de 50 dias, envolve a celebração da vida a partir da ressurreição de Jesus. Sendo assim, ainda me considero em dia para desejar às minhas leitoras e meus leitores votos de que a luz do Amor invada seus corações e ilumine seus caminhos.

O cenário mundial não tem sido reconfortante nos últimos dois anos e pouco. Doença, mortes, guerras, fome, desemprego, intensificação da violência sob diferentes roupagens. Olhando com lentes de aumento, chegamos até a pensar que não há motivos para festejar. Parece-me, contudo, que a existência em si já constitui razão suficiente: ela e a esperança de renovar, de encontrar o equilíbrio e a força para buscar cura.

Numa reportagem da Super Interessante de 2012, atualizada em 2016, constava que o cristianismo era a religião com maior quantitativo de seguidores no mundo. É possível que as porcentagens tenham mudado de lá para cá. Afinal, já se vão seis anos desde a revisão da matéria e dez desde sua publicação original. Pensando na Páscoa, mesmo dentre os cristãos, dada a variedade de denominações religiosas que professam tal doutrina, as celebrações terão feições e duração distintas, com tons particulares em cada Igreja. Quando saímos, então, do âmbito do cristianismo, encontramos um número expressivo de pessoas cujas crenças professadas (ou não-crenças) seguem outros rumos.

Desse modo, ao trazer o tema aqui para o blog, não pretendo assumi-lo como hegemônico ou único. Falo do lugar de quem se insere numa determinada crença, com as experiências e os ensinamentos vivenciados desde a infância. Ainda assim, reconheço a pluralidade de formas para estabelecer o contato com o divino, o transcendente. Por essa razão, ao transmitir votos de luz, o faço a partir da perspectiva que ocupo.

Acho, no entanto, que, crentes ou não, nós, seres humanos, compartilhamos um espaço e um tempo vitais, além do desejo de plenitude: a sede de uma integralidade marcada pelo amor, a justiça, o respeito, a harmonia e a paz. Estes são sentimentos compatíveis com a Páscoa, mas, também, pertencentes a todos e todas, independentemente do deus ou deusa em quem se acredite (e mesmo quando a crença se volta apenas ao ser humano e à existência física na qual nos inserimos). Portanto, permito-me celebrar o Amor e a Vida, compartilhando-o com vocês, como constantes universais, benfazejas e necessárias.

Desenho e texto de Cristina Vergnano. No primeiro plano, uma gruta com a pedra de abertura removida. em seu interior, um bloco de pedra vazio e uns pedaços de pano no chão. Dela sai uma luz amarela. Ao fundo, um monte, com um caminho de subida vermelho e, sobre ele, três cruzes. Texto: “Não está aqui, mas ressuscitou.” (Lc 24,6). A Páscoa do Senhor não é morte mas passagem (também para nós) para a vida plena! CrisVergnano
Feliz, santa e abençoada Páscoa!
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