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ENTREVISTA COM DAG BANDEIRA: AUTORA DE TRILHA SONORA

Por: Cristina Vergnano



Dag: São só os nomes dos capítulos do romance. Em conversa com Rosane Nunes, minha editora, me foi sugerido colocar o nome dos capítulos como se realmente fossem os títulos das faixas musicais ali encontradas.

Dag: “Fale de sua aldeia e estará falando do mundo” (Leon Tolstoi), ou seja, conhecia bem o dia a dia do trabalho naquela gravadora específica, dessa forma, me senti segura em fazer os personagens transitarem naquele ambiente de trabalho. A trama da história e os conflitos criados entre as figuras dramáticas são totalmente ficcionais. Quanto a alguns eventos, como a ida dos artistas aos programas de rádio e TV, como a perseguição de muitos dos nossos intérpretes e criadores da música brasileira pelos agentes do estado de exceção realmente aconteciam naquela época. Nada mais normal do que esses fatos aparecerem no contexto ficcional.

Dag: À época, presenciava a cautela, os medos no modo de agir e sobre o que falar entre os artistas. Mas os detalhes sórdidos de torturas e perseguições vieram a partir de filmes assistidos posteriormente, leituras de livros sobre o tema e pesquisa nos documentos disponibilizados pela Internet do movimento Tortura Nunca Mais.

Dag: Acredito que num contraponto entre o ontem e o hoje como você bem disse. Passou a me incomodar muito nos dias de hoje eu ter sido tão alheia à opressão às mulheres no passado. Não cabe mais não olharmos e denunciarmos os desmandos do patriarcado no mundo. Fui criada num ambiente familiar de muito afeto e, quando adolescente e jovem adulta, sempre estive protegida de agressões mesmo sendo mulher. Havia o exemplo de minha avó e minha mãe, mulheres fortes e independentes financeiramente do sexo masculino, embora muito amadas por seus maridos. Ao escrever o livro, essa conscientização aflorou normalmente e nada mais justo do que repassá-la para meus possíveis leitores jovens.

Dag: Fiz pesquisa, basicamente sobre as gírias da época, para dar autenticidade aos diálogos. A preocupação com o fazer literário é que moveu o meu texto.

Dag: Acho que a cada criação o texto se aperfeiçoa. Frequento oficinas literárias, leio muito (literatura brasileira principalmente) e escrevo minirresenhas dos livros que leio para divulgar nossa literatura, motivar a leitura e exercitar a concisão na escrita. Dessa forma, a minha escrita tende a melhorar sempre.

Dag: A questão comercial (produção, distribuição, divulgação) para os escritores iniciantes, é um processo penoso. O autor tem que usar das ferramentas disponíveis hoje (Facebook, Instagram, entre outras) para divulgar seu próprio trabalho, participar de concursos literários e ser premiado e aparecer na mídia a ponto de interessar as grandes editoras e distribuidoras pelo seu livro. Há editoras pequenas que trabalham com autores pouco divulgados ou conhecidos, mas que dão muito apoio a seus escritores, como deixando os livros em livrarias conhecidas, por exemplo. Isso ajuda um pouco. Minha editora, a Cambucá, faz isso e sempre procura eventos e feiras para apresentar seus autores e suas obras ao público leitor.

Dag: Nunca se afastar da leitura dos grandes clássicos mesclada à leitura de autores contemporâneos, nacionais ou estrangeiros.

Dag: Só tenho a agradecer o convite para conversar com o Tecendo o Verbo e por sua leitura atenta ao meu livro. Quero também elogiar o conteúdo deste blog.



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