Apresentação da série “Hiperrecontos folclóricos”
Por: Cristina Vergnano
Agosto é o mês do folclore. Não sei se vocês sabiam ou recordavam… Concretamente, aqui no Brasil e em outros países do mundo, é comemorado no dia 22 deste mês. Em nosso país, a data foi oficializada no ano de 1965, com o intuito de valorizar e preservar a cultura popular. O termo foi criado por um escritor inglês no ano de 1846, fazendo referência aos aspectos culturais do povo (populares). Daí, folk (povo) e lore (cultura), ou seja, folklore, em inglês: a cultura que vem do povo.
Sempre gostei de questões relacionadas à tradição folclórica: lendas, cantigas, danças, artesanato, festas populares, comidas típicas, adivinhações, jogos e brincadeiras. Sua aprendizagem estava presente na escola, mas também era estimulada e compartilhada no dia-a-dia em família, de diferentes maneiras. Lembro-me do meu pai gracejando, quando lhe pedíamos para nos contar uma historinha na hora de dormir: “Era uma vez uma vaca Vitória, pulou a janela e acabou-se a história”- dizia ele rindo. Recordo, ainda, com saudade, das brincadeiras com a garotada da rua e da escola, ou com a minha irmã e primos: roda, pique, pular corda, amarelinha, passar anel, bola de gude, escravos de Jó… As cinco-marias, por exemplo, aprendi com a minha mãe, que brincava com a gente em casa. Ela também, como gostava muito de cantarolar, nos ensinava várias cantigas: algumas brasileiras, outras de origem portuguesa, aprendidas com a minha vó Rosa, como aquela sobre o romance trágico entre Juliana e Dom Jorge. Mesmo não sendo do Brasil, considerando que os portugueses fazem parte da formação de nosso povo, podemos dizer que algumas de suas tradições entraram para nosso folclore, nessa transmissão de geração para geração. Incluímos nesse pacote, igualmente, as heranças indígenas e africanas e, posteriormente, aquelas recebidas dos povos imigrantes.
De fato, é muito importante termos acesso às nossas raízes, pois fazem parte do que somos e como enxergamos o mundo e a vida. Esses elementos nos são passados de pais e mães para filhos e filhas, ao longo do tempo, e constituem “o saber tradicional de um povo”. São próprios de cada região e, além disso, como características, não têm um autor definido e identificável, passam de pessoa a pessoa (ou grupos) principalmente por transmissão oral e surgem de modo espontâneo.
Vários dos autores de nossa literatura beberam em fonte folclórica. De igual forma, como se trata de histórias e costumes sem uma autoria determinada, é comum lermos ou ouvirmos diferentes versões, contadas do jeitinho de cada narrador. E, por isso mesmo, trago este tema aqui para o ToV.
Já faz um tempo que venho flertando com a ideia de recontar lendas de nosso folclore. Estamos tão acostumados e acostumadas a ler, assistir na TV, ou ouvir histórias de outros lugares, em especial de países de língua inglesa graças à indústria cinematográfica, que acabamos esquecendo de nossas próprias raízes. De toda a estranheza, emoção e encantamento que vêm de nosso passado e são transmitidos a cada geração. Ora… por isso mesmo, não se trata de criar histórias, mas de recontá-las, pois estão aí, na nossa tradição, desde tempos imemoriais. Pertencem a todas e todos e a ninguém em particular! São nossas para revisitar a qualquer momento.
Sendo assim, apresento o meu novo projeto: a Série Hiperrecontos folclóricos. O “hiper”, vocês já imaginam, vem da inserção dos elementos hipertextuais e multimodais que tanto caracterizam o texto do meio digital. Já o “reconto”, creio que ficou claro. Não serei autora das histórias, mas sua contadora, recuperando o que já está aí e deseja ser atualizado, visitado de novo.
Aguardem, portanto e torçam para que essa plantinha dê bons frutos! Até breve!
Que maravilha!!! Amei o projeto! Amei o texto com os links!!! Parabéns! Estou ansiosa pelo que vem aí! 😉
Também estou animada, Jak! O curso que estou fazendo de contação tem me permitido começar a produção de algumas coisas e dado ideias que, espero, deem bons frutos. Agora começa o trabalho de dar aos textos a cara hipertextual e multimodal que desejo. Em breve trarei as novidades! 😉 Grande abraço!