Um raio de luz em meio à escuridão
Por: Cristina Vergnano
A coisa anda tensa, não é?! Acho que todos estamos de acordo a esse respeito. Independentemente da opinião política, do credo, da etnia e da situação socioeconômica, a sensação que percebo ao meu redor é de um flagrante BASTA!
Tenho lido e visto umas atitudes que, para ser sincera, me deixam abismada. Não consigo entender (explicar, talvez; justificar, nem tanto) por que as pessoas rechaçam tanto as máscaras, o distanciamento, as medidas que procuram proteger-nos. É que as mortes são tão reais, em tanta quantidade, há tamanho sofrimento… Só posso especular que deve haver razões psicológicas de ordem profunda a impelir uma quantidade enorme de gente a atitudes que eu, ao menos, qualifico de beirando a suicidas (ou homicidas).
De fato, mais de um ano sob tamanho stress leva qualquer um a desejar gritar que chega e, diante do volume de notícias contraditórias, pôr em dúvida as evidências. “Afinal, será mesmo que se morre tanto assim? Será que precisamos de medidas tão restritivas?” – pensarão. É de deixar qualquer um atordoado!
Hoje, contudo, não é sobre isso que quero falar. O título já antecipa que coisa boa vem por aí. É que, ao acordar no domingo, 21 de março, recebi uma mensagem de um amigo, compartilhando algo lindo e inesperado. Ele mora em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Nessa cidade, na sexta-feira, dia 19, um fenômeno ocupou os céus, foi fotografado por um jovem de 19 anos que o compartilhou em seu Facebook e logo viralizou. Era uma nuvem iridescente.
Confesso que, quando li o título da notícia encaminhada, uma matéria do Jornal Extra: “Fenômeno no céu de Belford Roxo encanta moradores: ‘fiquei fascinado’; entenda”, dei um sorriso interno. Explico. “Fenômeno no céu” me lembrou ETs. E parece que existe uma lenda urbana naquela região sobre avistamentos de OVNIs. Então, pensei que leria uma nova notícia a respeito. Ainda assim, decidi visitar o site e não me arrependi.
É delicioso saber e sentir que “há muito mais coisas entre o céu [e no céu] e a terra do que sonha a nossa vã filosofia“. Principalmente, constatar que essa abundância traz boas novas e sensações inusitadas. Mesmo em meio a um panorama tão trágico, a beleza permanece. No final, concluímos que somos afortunados porque estamos aqui, estamos vivos e nenhum mal dura para sempre.
Enfim… a tal nuvem iridescente é um fenômeno pelo qual a luz do sol bate nas bordas de uma nuvem, sofre difração e oferece o espetáculo semelhante ao do arco-íris. As gotículas de água funcionam como prismas diminutos particionando a luz branca em seus vários espectros de cores. Esta é a explicação científica. Mas, parafraseando Gonzaguinha: “É a vida, é bonita e é bonita”.
O que podemos aprender disso, então? Que não há escuridão completa. Sempre existe uma saída, uma luz no fim do túnel. Apenas, às vezes, nos sentimos tão consternados por estarmos perdidos, cegos e sufocados, que não a encontramos. O importante mesmo, me parece, é seguirmos o fluxo, fazermos a nossa parte e, quando a oportunidade se nos apresenta, como essa maravilha luminosa no céu de Belford Roxo, simplesmente nos entregarmos ao desfrute.
Bom feriadão a todos e todas. Cuidem-se, pois viver vale a pena.