É tempo de Natal. Lembremos do centro da festa!
Por: Cristina Vergnano
Desde novembro, temos visto as crescentes publicidades falando-nos da aproximação do Natal. Mas as mensagens que passam não se afinam, de fato, com o espírito natalino. São mais propriamente estímulos ao consumo. “Tudo bem”, dirão alguns, “os trabalhadores do comércio e da indústria precisam viver e as vendas mantêm a máquina em movimento”… Mas tudo se resumirá a isso?
Com a chegada de dezembro, unem-se às publicidades as notícias sobre as ornamentações luminosas nas ruas, cidades e casas. Também vemos crescer a presença, nas televisões, dos vídeos e filmes com temáticas natalinas… e Papai Noel entra em cena com força total.
O bom velhinho frequentemente acaba ficando com o protagonismo da festa. É bem verdade que ele representa muitos sentimentos positivos: altruísmo, ternura, bondade, capacidade de doação, gratidão, alegria… São todos bastante pertinentes e relacionados com a época, mas sua origem na figura de Papai Noel não é (ou, ao menos, não deveria ser) o aspecto central da ocasião.
Papai Noel é um personagem folclórico presente em grande parte do mundo. Sua origem parece estar ligada a São Nicolau, que nasceu na Ásia Menor no século terceiro depois de Cristo, e foi um bispo de Mira. Este religioso era conhecido por ajudar as pessoas pobres, partilhando com elas sua herança. Portanto, caridade e prática de oração foram características de sua vida, que, junto aos milagres a ele atribuídos, levaram à sua santificação. Também alimentaram a crença popular que gerou o folclore de Papai Noel. No entanto, mesmo sendo um símbolo (não religioso) do Natal e estando ligado a uma figura da igreja, a festa não é sobre Papai Noel e os presentes entregues magicamente às crianças que se comportaram bem durante o ano.
Pois é… Natal remete a natalício, nascimento. Trata-se, pois, num primeiro momento, de pensar numa festa de aniversário. E quem seria o aniversariante? Deste, muita gente parece esquecer-se… O que é uma pena!
Mas o Natal é mais! Eminentemente, é uma comemoração cristã, já que remete à manifestação de Deus entre nós na pessoa de Jesus Cristo. Ou seja, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”(Jo 1, 14).
Para os cristãos, portanto, o Natal é a comemoração deste amor supremo de Deus, que decide aproximar-se da humanidade, de forma humilde e frágil. Fazer-se um conosco. Muito mais do que um aniversário qualquer, é uma epifania (a manifestação visível da divindade a todos nós).
E o que essa presença tão simples, frágil e humilde nos leva a refletir? Sobre os valores que o cristianismo propõe como opção de vida: fraternidade, atenção aos menos favorecidos, busca de igualdade, vivência da fé e da confiança em Deus, em seu amor incondicional, entrega à construção de um mundo melhor e mais justo.
Em sua essência, o Natal é, sim, uma festa cristã. Mas está disseminado em grande parte do mundo e dos povos, mesmo os que não o têm como um momento religioso. O que dizer, então, a essas pessoas?… Que a paz, o amor, a cortesia, a fraternidade, a preocupação com o outro e com nosso planeta são valores universais, que transcendem qualquer religião e nos irmanam.
Não importa a etnia, a crença (ou descrença), a nacionalidade, a posição social ou econômica. Neste tempo natalino, deveríamos todos lembrar-nos da figura central da festa: aquele Menininho que veio para nos trazer a sua paz. E do que Ele representa e nos motiva a fazer: lutar para que haja uma superação das fraquezas e injustiças e uma universalização do amor em seu sentido mais pleno, poderoso e eterno.
Por isso, meu feliz Natal a todos e todas, com a plena certeza de que sermos melhores é possível, se assim o desejarmos!